Conceituação de técnicas de conservação cadavérica e procedimentos correlatos, comumente empregados em velórios, sepultamentos e translados de corpos

Técnicas de conservação cadavérica

A conservação do corpo humano pode ser feita por meio de técnicas diferentes: tanatopraxia, embalsamamento, formolização e resfriamento. A opção por uma dessas técnicas depende do destino final do corpo. Porém, independentemente do destino, as técnicas de conservação do corpo humano têm as seguintes finalidades:

  • Impedir os fenômenos cadavéricos transformadores (putrefação);
  • Preparar o corpo para ser transportado por via terrestre, aérea ou marítima para qualquer lugar do país ou do exterior, obedecendo aos regulamentos sanitários internacionais, nacionais, estaduais e ou municipais;
  • Preparar o corpo para receber homenagens póstumas que possam durar vários dias;
  • Preparar o corpo para que possa servir para estudos de anatomia.

 

Tanatopraxia

A tanatopraxia é uma técnica de preparação de corpos que possibilita que o cadáver permaneça em boas condições por um período necessário ao velório, mesmo que seja por um período prolongado, para transporte terrestre por curtas distâncias ou deslocamentos regionais.

Adotada no Brasil há aproximadamente uma década, por um grupo de diretores funerários empreendedores, passou a ser um serviço essencial dentro da moderna empresa funerária, pois possibilita a preservação do corpo, dando aos familiares distantes a oportunidade de renderem a última homenagem ao seu ente querido, bem como para que o corpo do falecido possa ser transladado em curtas e médias distâncias para sepultamento até mesmo passadas mais de 12 horas do falecimento.

A preparação do corpo por meio da tanatopraxia previne a propagação de enfermidades na comunidade, e é prerrogativa das empresas que disponibilizam esse serviço a organização de um laboratório dentro dos padrões de biossegurança.

O procedimento começa pela aspiração, através de uma bomba, dos líquidos e semi-sólidos do corpo, seguida da injeção do tanatofluido arterial, que entra pelas artérias, penetra nos tecidos e retarda a decomposição, conservando e desinfetando o corpo.

O trabalho de preparação do corpo leva aproximadamente 2h, e a composição e a concentração do tanatofluido pode variar de acordo com o estágio de decomposição e com o período que o corpo deverá permanecer conservado.

Embalsamamento

O embalsamamento é uma técnica de preparação de corpos que possibilita que o cadáver permaneça em boas condições de conservação por um período mais prolongado de tempo, que permita evitar o processo de decomposição além de sete dias, preparar corpos já em adiantado estado de decomposição e ainda fazer translados internacionais.

A diferença fundamental entre as duas técnicas é que no embalsamamento é realizada a abertura das cavidades torácica e abdominal com retirada de vísceras, colocação das mesas em sacos apropriados e emersas em líquido conservante.
As cavidades torácica e abdominal, uma vez vazias e limpas, devem ser preenchidas com serragem, que será embebida na solução ou fluido apropriado. A incisão é suturada com chuleio contínuo, sem deixar a pele sobreposta.

Estes tratamentos asseguram que o corpo não apresente quaisquer alterações durante o velório ou translados, tais como extravasamento de líquido, alteração na coloração da pele, inchaço, odor ruim e risco de contaminação, o que resultaria em recordações desagradáveis para os familiares. Somente assim é que se pode assegurar que o corpo não apresentará risco de contaminação para os presentes ao velório.

A técnica de embalsamamento exige supervisão médica e autenticação do procedimento por meio de documento (ata de embalsamamento), assinado por médico-legista.

Sobre o autor: Dr. Luiz Carlos Leal Prestes Junior (CRM 5237974-7) – Atualmente é Perito-legista do Instituto Médico Legal Afrânio Peixoto. É Perito Médico Judicial com atuação nas áreas trabalhista e de responsabilidade civil médica.Atua ainda como Coordenador da Câmara Técnica de Medicina Legal do Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro. Mestre em Medicina pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro.Professor convidado do Curso de Extensão de Ciências Forenses Aplicada a Investigação Criminal da Faculdade Nacional de Direito da UFRJ. Doutor em Medicina na área de Medicina Legal pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro-UERJ; Professor da Disciplina de Medicina Legal da Faculdade Nacional de Direito da UFRJ; Diretor Científico da Sociedade Brasileira de Medicina Legal e Perícias Médicas – Regional do Rio de Janeiro.